Estudante do Rio cria mochila que filtra água suja e a torna própria para consumo

Estudante do Rio cria mochila que filtra água suja e a torna própria para consumo
Onze famílias de Jardim Gramacho já tiveram acesso ao equipamento que filtra água — Foto: Divulgação/Água Camelo

Um estudante da PUC-Rio desenvolveu uma mochila que filtra água com impurezas e a transforma em própria para o consumo. Algumas famílias de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, receberam o equipamento já estão o utilizando.

Chamado de Água Camelo, o projeto de Rodrigo Belli, de 23 anos, nasceu dentro da sala de aula durante um trabalho com outros colegas. O jovem, que estuda design de produto, explicou ao G1 que fornece um kit para que os usuários tenham acesso a uma fonte segura de água por até dez anos.

“A pessoa para ter água potável em casa, caso ela não seja abastecida por um encanamento até a casa dela, teria que fazer quatro etapas para ter água potável em casa, que é captar a água, transportá-la para casa, armazenar em casa e filtrar essa água. Então, a gente resolveu [criar] um Kit Camelo, que é composto por uma mochila, um filtro portátil de água e um suporte de parede. Eles conseguem solucionar essas 4 etapas”, disse o estudante.

Segundo o estudante, a iniciativa, que começou em fevereiro, já levou água potável para 11 famílias, o que representa cerca de 50 pessoas. Uma delas é a moradora Suellen Ferreira da Costa, de 33 anos. Ela contou que antes de receber a mochila, o consumo dela e da família era menor. Ela vive com dois filhos em Jardim Gramacho e afirmou que as crianças apresentavam feridas pelo corpo e sofriam com diarréia devido à qualidade da água.

“Melhorou bastante porque estava com gosto de água pesada, ruim, e a qualidade melhorou, parece água mineral. [Antes do kit] era horrível, porque de mês em mês eu parava com meus filhos nos hospitais e os médicos não descobriram o que que era. Depois da mochila minha vida melhorou muito”, destacou a moradora.

A atuação do projeto ocorre apenas no bairro de Duque de Caxias e, segundo o fundador, o objetivo é continuar no local pelos próximos meses. Durante a pandemia do novo coronavírus, as entregas dos kits e explicações sobre o equipamento atenderam todas as medidas de segurança.

“Eu estou extremamente feliz com o trabalho que a gente tem feito nesses últimos meses, porque a gente em fevereiro e com a pandemia a gente parou um pouco, entendeu como seria a melhor forma para atuar e desde então a gente vem conseguindo impactar as famílias e levar para elas uma forma até de elas conseguirem minimizar, mitigar os impactos sofridos com essa pandemia, essa crise toda que o corona vem trazendo”, declarou o estudante.

Para que a Água Camelo chegue até as famílias, o projeto criou uma campanha de apadrinhamento. Cada kit custa R$ 350 e a doação pode ser realizar por meio de um formulário. O contato com o projeto é feito pela conta deles nas redes sociais.

Hoje administrando o projeto e estudando, Rodrigo olha para o passado, quando era skatista profissional, e comemora a trajetória até aqui. Ele contou que o Água Camelo o transformou e incentivou outras pessoas a investirem em projetos sociais.

“Eu já competi, já participei de inúmeros campeonatos, já fui campeão brasileiro júnior e todas as conquistas me deixaram muito e me encheram de orgulho, mas nada se compara a quando a gente entrega um kit para uma família, quando a gente vê uma criança dar um sorriso e a mãe agradecer. Quando a gente entrega o kit e o primeiro copo d’água que elas bebem, o sorriso é impagável", revelou o estudante.

"Se todo mundo botasse a mão na consciência e pensasse em como fazer a diferença no mundo, como gerar impacto, como tornar a vida de uma pessoa um pouquinho mais agradável, eu acho que teríamos inúmeros projetos assim como a Água Camelo impactando quem mais precisa”, completou Rodrigo.


Fonte:  Jorge Soares e Larissa Caetano*, G1 Rio