Estudante de 16 anos morta por Covid após dar à luz reclamava de falta de ar: 'Achávamos que era a gravidez', diz mãe

Estudante de 16 anos morta por Covid após dar à luz reclamava de falta de ar: 'Achávamos que era a gravidez', diz mãe
Jovem de 16 anos não resistiu à Covid-19 — Foto: Arquivo pessoal

A mãe da estudante Gilda Santos Costa, que tinha 16 anos e morreu por coronavírus depois do parto, em Sorocaba (SP), lamenta a morte da filha e afirma que todos acreditavam que a falta de ar relatada pela adolescente poderia ser da gravidez.

"Ela tinha dores no corpo e muita falta de ar. Achávamos que estava ligada à gravidez. Como mãe, eu gostaria de deixar um alerta para os jovens. Infelizmente, essa doença tira a vida de jovens também, assim como tirou a da minha princesa", lamenta Girlene Juliana dos Santos.
A estudante estava no primeiro ano do ensino médio e teve a filha, um bebê prematuro de seis meses. A criança está internada e terá alta quando atingir o peso necessário.

Girlene ainda conta que a garota fazia planos para a nova fase de mãe em meio aos estudos e ao tratamento que fazia no hospital GPACI, em Sorocaba, por ter anemia falciforme, uma doença genética grave que atinge os glóbulos vermelhos.

Ainda de acordo com a mãe, a adolescente fez o ultrassom no dia 9 de julho, quando começou a sentir os primeiros sintomas. No dia seguinte, ela foi levada ao GPACI e transferida para o Hospital Regional, onde foi confirmada a Covid-19.

Durante a internação no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), o parto precisou ser realizado. Contudo, a adolescente não resistiu às complicações da doença.

"Gilda ficou internada e não houve melhora. Foram dias entre a UTI e o quarto até recebermos uma ligação para irmos ao hospital com urgência. A nossa guerreira lutou e, não tendo mais força, acabou nos deixando", disse.

Anemia falciforme

O médico Rodrigo Calado, do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, que é pioneiro e líder no transplante de medula para anemia falciforme no Brasil, explica que a doença também pode causar dores pelo corpo, AVC, lesão dos pulmões e rins.

"A anemia falciforme é a doença genética mais frequente no Brasil, sendo mais comum na Bahia e no Rio de Janeiro. A alteração genética muda a hemoglobina, proteína do sangue que carrega oxigênio. Essa alteração faz com que os glóbulos vermelhos fiquem na forma de foice, daí o nome falciforme.

Segundo o médico, a doença pode ser amenizada com uma medicação, a hidroxiureia, e em alguns casos com transfusões.

"Pode ser curada com o transplante de medula óssea. Entretanto, nem todos os pacientes podem ser tratados com o transplante e muitos ficam relativamente bem com a hidroxiureia."

No caso de Gilda, segundo a família, a paciente aos 9 anos passou por uma cirurgia em que teve que retirar o baço. Todos moravam na Bahia e foram para Sorocaba em busca de um tratamento para a jovem.

Homenagens

A menina era aluna da escola estadual Joaquim Izidoro Marins, que fica na zona norte da cidade. Os colegas da jovem e professores ficaram comovidos quando souberam que a paciente não havia resistido e fizeram uma homenagem a ela em um perfil usado para divulgar informações sobre a escola.

“Tive pouco contato, mas sempre foi muito quietinha, até com os amigos, mas sempre educada. Perdemos uma menina que era um docinho. Falamos isso até entre os professores”, diz professora Flávia Gouvea .

"Uma menina muito doce. Onde chegava era bem recebida e elogiada pelo carinho e alegria contagiante. Agora, pedimos forças a Deus e tentar seguir em frente lutando pela nossa pequena [bebê]", lamenta a mãe.

O corpo de Gilda foi sepultado sem velório no dia 6 de agosto, no Cemitério Santos Antônio, em Sorocaba.

Casos de Covid-19

A Secretaria da Saúde de Sorocaba (SP) registrou cinco novas morte confirmadas da Covid-19, na terça-feira (18). A cidade totaliza agora 315 óbitos e 13.531 casos confirmados da doença.

Segundo a secretaria, mais 126 novos casos positivos foram notificados, passando de 13.405 para 13.531 no total. Desse número, 58 estão internados (28 em UTI) e o total de pessoas em recuperação é 439. Os recuperados já somam 12.719.

Fonte: Carlos Dias, G1 Sorocaba e Jundiaí