Covid-19: passageiros no metrô mantêm uso da máscara mesmo após item deixar de ser obrigatório

Covid-19: passageiros no metrô mantêm uso da máscara mesmo após item deixar de ser obrigatório
Em vagão do metrô, quase todos os passageiros usam a máscara, item que deixou de ser obrigatório após decreto da prefeitura Foto: Rafael Nascimento de Souza

RIO — Mesmo com a decisão do Comitê Científico de Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura em suspender o uso de máscaras em locais fechados, como transporte público, quem trafega no metrô na manhã desta terça-feira continua utilizando a proteção. Às 6h30, O GLOBO embarcou na linha 1, no trecho entre Uruguai e Glória, onde foi possível observar que apenas uma pessoa estava sem o item de proteção. Quem usa esse modal critica o fim da obrigatoriedade.

Coordenadora de uma escola no Centro do Rio, Gisele Martins, de 38 anos, diariamente faz o trajeto da Saens Peña, na Zona Norte, e vai até a Glória, na Zona Sul, onde deixa a filha, a estudante do ensino fundamental, Paula Martins, de 11. Ela teme que “com o fim do carnaval não autorizado poderá haver novos casos da doença”. A decisão pela flexibilização aconteceu poucos dias após o feriadão da folia, que este ano não teve autorização para os blocos, o que não impediu que alguns saíssem mesmo assim.

— No metrô, usam máscara porque os guardas já avisam e as pessoas colocam. Sempre ficam guardas observando se as pessoas estão com ou sem máscaras — lembra Gisele, que completa:

— Não era o momento (para a liberação). A Ômicron está forte e, principalmente, pelas crianças. Esse é um vírus que tem atacado muito as crianças. Houve um carnaval não-carnaval, e essas pessoas se aglomeraram. Muitas que estavam sem a máscara podem ser contaminadas. Infelizmente, esse não era o momento. Além do mais, me preocupa pararem de pedir o passaporte de vacinação. As pessoas só se vacinavam por conta dessa cobrança. Quando não pedirem mais, quem não se vacinou não o fará — lamenta.

A publicitária Beatriz Carvalho, de 35 anos, também destaca que mesmo sem a obrigação da máscara de proteção ela continuará usando.

— Uso no metrô e em todos os lugares. Poderiam ter esperado pelo menos o carnaval em abril para assinarem este decreto — conta Beatriz, que também vai da Zona Norte à Sul, com embarque na estação Uruguai e chegada em Botafogo. Ela destaca que as pessoas respeitam e usam a máscara.

Assim como Beatriz, Rosani Oliveira Santos, de 44 anos, que trabalha com processamento de dados em Botafogo, salienta que não deixará de se proteger no transporte público do Rio.

— Algumas pessoas não usam. Mas eu vou continuar cuidando da minha saúde e da minha família. Eu sempre usei e vou usar. Esse não era o momento para isso (permitir o fim do uso da máscara). Eles poderiam ter prolongado mais um pouco, não custa nada — pontua.

Após o decreto, o MetrôRio afirmou que não vai mais cobrar a utilização do item de proteção. De acordo com a concessionária, “o uso de máscaras faciais dentro do sistema metroviário passa a ser uma escolha individual de cada cliente”. Ainda segundo o comunicado, “o MetrôRio continuará a adotar todas as melhores práticas de higienização e limpeza nos trens e estações do sistema”.

Atualmente, o índice de avanço da vacinação na dose de reforço está em 54,1%. Cerca de 167 mil pessoas com 50 anos ou mais, que já poderiam ter tomado a terceira injeção, ainda não o fizeram. Para o passaporte vacinal deixar de ser exigido, a população com idade acima de 18 anos deve chegar a 70% com o esquema completo.

Decisão do comitê

No Rio, as pessoas já podiam circular em ambientes abertos sem máscara desde 27 de outubro do ano passado.

— Não é precipitado retirar as máscaras (em locais fechados), é o momento adequado — disse o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, durante a reunião do comitê em que foi decidido pelo fim da obrigatoriedade. — As pessoas que quiserem continuar usando máscaras podem usar. A gente recomenda que a criança que não se vacinou utilize máscaras. A mesma coisa para as empresas, elas não precisam mais obrigar o uso da máscara. A gente recomenda isso.

Inicialmente, o comitê científico bateria o martelo sobre o fim do uso obrigatório de máscaras apenas na próxima semana. Entre os membros do comitê, avaliou-se a possibilidade de um prazo de duas a três semanas após o carnaval para dar desfecho à questão, a fim de que se pudesse averiguar se as comemorações extraoficiais ocorridas na data teriam impacto sobre os indicadores da Covid-19 na cidade.

A pedido do prefeito Eduardo Paes, contudo, a reunião esperada para semana que vem foi antecipada para esta segunda-feira, quando o comitê decidiu retirar a exigência de proteção facial na cidade. A prefeitura aguardava o parecer da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para definir, por exemplo, as datas dos ensaios técnicos dos desfiles na Sapucaí. Nesta segunda-feira, após a manifestação do comitê, a administração municipal liberou a realização dos ensaios nas datas previstas pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).

Na reunião, a SMS apresentou índices para embasar a medida. Segundo dados da pasta, 14 milhões de doses da vacina da Covid-19 foram aplicadas na cidade e um milhão de pessoas estão aptas para serem imunizadas com a terceira dose.

— Vale a pena destacar alguns pontos, como o número de casos de morte, pois há uma queda importante — disse Soranz durante a reunião, destacando outros dados da evolução na doença. — Considerando o panorama atualmente, temos a menor taxa de contaminação desde o começo da pandemia, índices de positividade, hoje de cada 100 pessoas que fazem teste, menos de 5% são positivadas, considerando ao baixo índices de pessoas internadas, o comitê científico recomendou a desobrigação do uso de máscaras.

Fonte: Rafael Nascimento de Souza/O Globo