Coronel condenado por assédio e por ameaçar estuprar soldado será julgado por mais cinco casos nesta semana

Coronel condenado por assédio e por ameaçar estuprar soldado será julgado por mais cinco casos nesta semana
Ex-soldado Jéssica Paula do Nascimento denuncia tenente-coronel Cássio Novaes por assédio sexual e ameaças de morte — Foto: G1 Santos

O tenente-coronel Cássio Novaes, acusado de assédio sexual e ameaças de morte e estupro contra a ex-soldado Jéssica Paulo do Nascimento, de 30 anos, passará por um novo julgamento na próxima sexta-feira (14). Segundo apurado pelo g1 nesta segunda-feira (10), nesse outro processo as vítimas são quatro policiais femininas e um capitão da polícia militar.

Cássio se tornou réu pelos crimes de assédio sexual e ameaça, ambos praticados diversas vezes contra diferentes mulheres. De acordo com relatado ao g1, a forma de abordagem do tenente-coronel era semelhante com todas as vítimas. A sentença do caso da ex-soldado Jéssica saiu na última sexta-feira (7), foi obtida pelo g1 neste domingo (9) e deve ser publicada também nesta semana.

No despacho, Cássio Novaes acabou sendo condenado a um ano e cinco meses de prisão pela Justiça Militar de São Paulo. A sentença ainda cabe recurso da defesa junto à segunda e última instância do Tribunal de Justiça. A defesa do tenente-coronel foi procurada mas, até a publicação desta reportagem, não havia dado retorno.

Todas as outras denúncias acabaram sendo feitas depois da formalização de Jéssica, sendo que algumas já haviam sido registradas antes da divulgação do caso. Uma das vítimas, que preferiu não se identificar com medo de represálias, estava lotada no 50º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano, o mesmo onde o tenente-coronel atuava no período dos assédios sexuais.

Em entrevista ao g1, Jessica comemorou a sentença e disse que, aos poucos, a Justiça está sendo feita. "Estou aliviada com esse resultado. Muitas pessoas diziam que não adiantava denunciar. Ele mesmo [ex- tenente-coronel] me ameaçava dizendo isso, que já tinha sido juiz militar, que tinha amigos desembargadores, na intenção de me fazer desistir da denúncia", conta ela.

Segundo Jessica, mesmo diante da sentença, ela ainda se preocupa com a segurança da família. "Eu não subestimo ninguém, me preocupo sim com a minha segurança e da minha família, mas não aceito ameaças. Se acontecer, irei atrás dos meus direitos", finaliza ela.

Entenda o caso

Em abril de 2021, a soldado Jéssica Paulo do Nascimento, de 30 anos, denunciou o superior por assédio sexual e ameaças de morte em mensagens de aplicativo fora do horário de serviço, além de perseguição no trabalho, quando ela atuava em São Paulo. O tenente-coronel Cássio Novaes foi denunciado pelos crimes.

Na época da denúncia, ela estava lotada no 45° Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM/I), em Praia Grande, no litoral de São Paulo, mas a denúncia se referia à época que ela atuava na capital.

As investidas pessoais do coronel à soldado Jéssica Paulo do Nascimento, segundo ela, começaram em 2018. Ele havia acabado de assumir o comando do Batalhão da Zona Sul de São Paulo, quando passou pelas companhias para se apresentar aos policiais militares e a conheceu, chamando-a para sair assim que conseguiu ficar a sós com ela.

A soldado relatou episódios de investidas sexuais, principalmente por mensagens, ameaças por áudio, humilhação em frente aos seus colegas e até mesmo sabotagem quando se recusou a ceder aos pedidos de seu superior (veja o vídeo acima).

A ex-soldado decidiu formalizar uma denúncia na Corregedoria da PM no início de abril, quando percebeu que estava sendo enganada pelo tenente-coronel. Ele havia prometido que a levaria ao Departamento Pessoal para pedir pela transferência dela quando, na verdade, o DP estava fechado e ele planejava levá-la a um hotel.

Afastamento da PM

A soldado Jéssica decidiu deixar a carreira na Polícia Militar e foi exonerada em maio de 2021. Na época, ela afirmou que tomou a decisão após sofrer pressão dentro da corporação devido à repercussão do caso.

O g1 tentou contato com o tenente-coronel Cássio Novaes, denunciado pelos crimes, mas não obteve retorno. O oficial foi afastado do comando do batalhão onde atuava e a investigação é conduzida pela Corregedoria da PM, sob segredo de Justiça.

Fonte: G1 Santos